Síndrome HELLP – uma das possíveis causas da prematuridade

barrigaAntes de explicar de forma técnica, citando algumas explicações sobre o assunto, vou contar, na visão de quem passou por isso, o que é essa síndrome, rara, que pode acometer algumas grávidas. De nós 3, eu e a Luanna tivemos HELLP.

Minha experiência… Eu só soube que eu tive essa síndrome depois de alguns dias que a Isabella nasceu. É algo que acontece na placenta que causa a síndrome e a mãe só sai dessa viva, se tirar a placenta a tempo. Isso significa interromper a gestação – independente da semana que estiver – pois se não interromper, a mãe vai a óbito.

Eu, graças a Deus, já estava internada e, quando os sintomas apareceram, as médicas puderam tomar as providências rapidamente e, em menos de 24 horas, eu estava na sala de cirurgia. Mas fico pensando em quantas mães passam mal em casa, sentindo tudo o que senti e demoram pra procurar ajuda – isto porque os sintomas não parecem algo tão grave quanto são.

Vou contar um pouco o que eu senti: na manhã seguinte à internação na UTI por causa de pressão alta, eu estava me sentindo bem e já com previsão de ir pro quarto. Na hora do almoço eu comecei a sentir uma dor de estômago, o que me deixou sem fome. Essa dor foi aumentando e chegou a uma intensidade de dor que eu nunca senti na vida – terrível mesmo… a ponto de eu falar que eu ia morrer de tanta dor… Os médicos fizeram alguns exames de sangue e um ultrassom de abdomem e nesse meio tempo eu comecei a ficar com a visão distorcida – eu via 2 pessoas, via 2 TVs… coisa de louco mesmo. Quando os resultados dos exames saíram, a equipe médica verificou que eu estava com HELLP e informou meu marido que a cesárea deveria acontecer naquele dia – mas com a sabedoria da minha médica, marcamos para o dia seguinte bem cedo, na intenção de ajudar a salvar a minha filha. E, pra entender a intensidade da coisa, mesmo após alguns dias da cesárea, eu tive um pico de pressão de 20 x 10, de madrugada, sem sentir nada!

Agora, explicando de forma técnica, a síndrome HELLP é keep-calm-hellp-sindromeuma complicação obstétrica rara, pouco conhecida e de difícil diagnóstico, que acontece durante a gravidez ou no pós parto, podendo causar a morte da mãe. Das doenças hipertensivas na gestação, a síndrome HELLP é a mais grave. Seu nome vem da abreviação de termos em inglês que querem dizer: hemólise (H, hemolytic anemia), enzimas hepáticas (EL, elevated liver enzymes) e baixa contagem de plaquetas (LP, low platelet count), que são as principais características da síndrome e significam:destruição dos glóbulos vermelhos pelo rompimento da membrana plasmática; elevação das enzimas hepáticas e baixa contagem de plaquetas – podendo levar à insuficiência cardíaca e pulmonar, hemorragia interna, acidente vascular cerebral e outras complicações graves na mãe.

Mais: a doença também pode fazer a placenta se descolar prematuramente da parede uterina, o que pode causar a morte do bebê. Outras complicações sérias para o feto são: o crescimento uterino restrito e síndrome da angústia respiratória (tipo de insuficiência pulmonar provocado pelo acúmulo de líquido nos pulmões).

Normalmente, a Síndrome de Hellp ocorre com o agravamento no quadro pré-eclâmpsia, ou hipertensão gerada pela gravidez. A estimativa é de que 8% das gestantes que sofrem de pré-eclâmpsia, desenvolvam a síndrome. A síndrome atinge de 0.2% a 0.6% das gestações. Bem pouco né?!

Os sintomas da doença não são percebidos facilmente – o que exige o dobro de atenção ao corpo. Eles se iniciam com aumento da pressão arterial, inchaço e perda de proteína na urina. À medida que a doença vai se agravando, a paciente pode começar a ter muitos outras complicações, como problemas neurológicos – dor de cabeça e desorientação, dor de estômago, dor na região do fígado e eventualmente náuseas, vômitos e tonturas. Tudo pode prenunciar a existência de uma crise convulsiva, então é necessário dar muita atenção ao problema – fiquem atentas a esses sintomas e avisem ao médico imediatamente.

Os sinais e sintomas dessa complicação, em um primeiro momento, podem ser confundidos com o quadro de pré-eclâmpsia grave, que é o aumento da pressão arterial e inchaço. Quando o quadro se agrava, resulta em edema agudo dos pulmões, insuficiência renal, falência cardíaca, hemorragias e ruptura do fígado, podendo levar a morte materna.

Quando a doença é diagnosticada, através de exames laboratoriais e clínicos, o tratamento indicado é interromper a gestação, independente da fase gestacional, para que o quadro geral da mãe seja corrigido.

As mulheres com maior predisposição para desenvolver a doença são as que sofrem de doenças crônicas do coração e rim, pacientes com diabetes ou lúpus. Infelizmente, não há nenhuma maneira de evitar a doença. Apenas as pacientes que já tiveram a Síndrome de Hellp, ao engravidar pela segunda vez, podem tomar algumas providências para diminuir o risco.

Em geral, ajuda manter o peso controlado, fazer uma dieta adequada e ter um estilo de vida saudável. O pré-natal bem assistido é importante para detectar qualquer alteração na saúde da mãe e do bebê precocemente e tomar as medidas para evitar um quadro grave.

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